terça-feira, 12 de novembro de 2013

Palestra Fiora Serafinei, gerente da ABIO

Fui gerente da loja da ABIO no Humaitá; que foi provavelmente, a primeira loja de orgânicos legalizada que teve em todo o brasil.


Eu comecei a trabalhar com a ABIO na loja, fiquei uns três anos. Depois fui trabalhar com fornecedores de horti-fruti para hotéis no rio e depois em hotéis em búzios.

De 88 a 91 trabalhava com orgânicos. Depois em 94 fazia basicamente assessoria para produtores de agricultura familiar. Retomei com o orgânico nesse projeto porque a maioria dos produtores eram de orgânicos. Tinha um projeto do Ceasa, que era um entreposto de produtos orgânicos pra fornecer pra lojas e restaurantes. E de lá pra cá, trabalhei majoritariamente com isso. Abrimos um circuito de feiras em Niterói, porque no Rio de Janeiro a gente não podia. 

Em 1991 e 1992 começamos a trabalhar para a horta orgânica, que era uma associação de produtores orgânicos do vale do Rio Preto. Depois vendemos para lojas e supermercados. Fornecíamos para o horti-fruti, Extra e Sendas (que na época eram separados). Fornecíamos para quase todos os mercados de Niterói que vendiam orgânicos. 

Mas esse sistema entrou em crise em 2005-7, porque era uma relação muito desigual entre as grandes redes e os pequenos agricultores. Nesse período o Rio de Janeiro teve um retrocesso na questão da agricultora orgânica porque os agricultores não tinham como vender os seus produtos. 

O Rio de Janeiro tinha uma limitação: proibia qualquer tipo de feira, seja de alimentos, seja de artesanato. Mas continuamos insistindo até que em 2009, conseguimos fazer uns eventos com o apoio da secretaria de cultura da prefeitura. Foram oito eventos de 15 em 15 dias, e ai se formou um grupo inicial que veio a formar o circuito. Nesse processo, entramos em contato com outro setor da prefeitura, a secretaria de desenvolvimento econômico solidário, que são nossos parceiros nessa questão das feiras; já que estamos incluídos nessa economia. Eles acharam interessante a questão: 80 a 90% dos produtores são familiares, de assentamento. Não só isso, mas essa é a característica básica da associação. 

A ABIO é uma instituição que nucleia os agricultores orgânicos. Ela existe há mais de 25 anos e é um selo para os agricultores. Os agricultores orgânicos do Rio de Janeiro são certificados pelo ‘sistema participativo de garantia’. O selo brasileiro de qualidade dos orgânicos é uma certificação horizontal para os agricultores. Ele é federal e tem uma lei de 2003 que regula a agricultura orgânica. 

A certificação é reconhecida por duas formas: por auditoria ou participativa, como o que temos aqui. Para estes casos, temos um facilitador: ALPC. A ALPC é uma organização reconhecida pelo governo para supervisionar e coordenar, facilitar o processo de certificação dos associados (produtores) da ABIO.

Aqui vem: o Claude Troisgros, Roberta Sudbrack, ou seja, sem duvida tem alguns restaurantes grandes ou pequenos e até lojas; fornecemos para muitos: 3 lojas na Cobal do Humaitá e uma no Leblon. Os produtos saem dos produtores da ABIO

A maior organização de produção agricológica é da ABIO, provavelmente 85% de tudo que se produz no Rio de Janeiro. 

Existem também outros órgãos de certificação, como a ‘IBD’ e ‘ecocert’ que são outras certificadoras, usadas também por vários produtores para certificação de seus produtos. 

Aqui no Rio, restaurante só de orgânico fica ali na Rua Conde de Bernadotte, que é um restaurante orgânico. (‘restaurante vegetariano social club’) Depois, tem muitas lojas de produtos naturais que fazem feirinhas de produtos orgânicos com produtos fornecidos pelos nossos produtores. 

A certificação é por região; por grupos regionais, por exemplo, temos o grupo do Brejal, o grupo serra, mas temos também produtores de Ipatinga, de Seropédica, do Tinguá, de campo grande, da serra da pedra branca. O ultimo é um grupo de agricultores tradicionais, com mais de 50 anos morando lá e estão correndo o risco de serem desalojados. Vindo pró-orgânico, se transformam em defensores da floresta, na linha de Chico Mendes no acre. Eles moram em uma área de proteção ambiental, ali não pode ficar ninguém, mas é lá que eles estão. Temos produtores de Itaboraí, Petrópolis, Friburgo, Teresópolis, te toda cidade do rio de janeiro. O maior grupo é o do Brejal, são mais de 20 produtores.


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